Caso Clínico 1
A
paciente C.A., 62 anos, aposentada, apresentou-se com queixa de dor em ombro
e membro superior direito.
A paciente queixa de aumento do quadro álgico dor no final de um
dia de trabalho, tornando-se intensa a ponto de incapacitá-la, principalmente
com excesso de atividades do membro superior direito relatando ainda dor irradiada na região da cintura escapular. O inicio da condição foi
insidioso, com progressão gradual dos sintomas nos últimos três meses.
Exame subjetivo
Há uma dor
difusa, intermitente localizada sobre o ombro direito, face anterior e lateral
do braço direito e punho direito e também na região escapular. A dor que pode ser em queimação e também em
"pontadas", é pior ao fim do dia e geralmente acorda a paciente
durante a noite,relata ainda rigidez articular no ombro e diminuição considerável de arco de movimento. Não há a presença de parestesias e anestesias ou sinais e
sintomas que indiquem alteração do sistema nervoso simpático (cor da pele,
temperatura e sudorese). A dor é agravada com posições sustentadas do membro
superior, movimentos freqüentes do mesmo (ex: levantar objetos).
Posições cervicais sustentadas em extensão cervical (como levantar a cabeça, por
exemplo) também agrava os sintomas. A paciente obtém alívio da dor com o
repouso do membro numa posição em decúbito lateral a esquerda junto a seu corpo. A saúde geral da paciente é
boa. Não toma nenhuma medicação. Raios X da coluna cervical não
revelaram alterações significantes, mais a ressonância do ombro relatou tendinite supra e infra espinhal e bursite deltoideana.
Exame objetivo
Nenhuma alteração significante durante a inspeção foi observada. A ADM ativa do
membro superior direito se mostrou limitada para o ombro com dor a 60 graus de
abdução e flexão e dor durante a rotação interna. A abdução do ombro com
inclinação cervical contralateral (aumento da tensão neural) se mostrou mais
dolorosa e mais restrita (40 graus). Inclinação e rotação cervical a esquerda
estão limitadas e produzem dor no ombro.
A avaliação da condução nervosa se mostrou negativa (reflexos, miótomos e
dermátomos).
O teste de tensão neural (TTN) foi positivo para nervo mediano (plexo braquial
e raízes cervicais). O tecido neural se mostrou hiperálgesico à palpação na
emergência das raízes cervicais inferiores e plexo braquial.
As facetas cervicais direitas se mostraram sensíveis à palpação entre os níveis
C5 a C7
Sessão 1 e 2: Snap de ombro, mobilização acessória
como Inferiorização e Posteriorização de cabeção de úmero,
(Kautenborn, Maitland, Mulligan – de ombro)
Uma mobilização neural para raízes cervicais com o membro superior
direito em posição de repouso sob o abdômen. Cuidado foi tomado para que a
técnica não provocasse dor. A paciente foi instruída a evitar movimentos
repetidos e sustentados com o membro superior e de extensão cervical
sustentada,onde logo após a manipulação cervical obteve ganho de ADM completo
para extensão de cabeça. Também foi instruída sobre ergonomia durante os seus
afazeres domésticos.
Sessão 3: Snap de
ombro, mobilização acessória como Inferiorização e Posteriorização de
cabeção de úmero, (Koutenborn, Maitland, Mulligan – de ombro)
A paciente teve redução significante da dor após as últimas sessões. A
ADM ativa do ombro agora produz dor a 90 graus. O TTN do mediano ainda é
positivo. A mesma técnica da sessão seguinte foi aplicada progredida para o
membro em posição de tensão neural (mediano) - veja figura abaixo. Foram
introduzidos exercícios de estabilização cervical e para reduzir a atividade de
músculos como o trapézio superior
Sessão 4 e 5: Snap de
ombro, mobilização acessória como Inferiorização e Posteriorização de
cabeção de úmero, (Koutenborn, Maitland, Mulligan – de ombro)
Melhora adicional da dor foi obtida. A abdução do
ombro é indolor.Uma pequena restrição da extensão do cotovelo ainda é encontrada
no teste de tensão neural (mediano) do lado direito,mas que logo desapareceu
após a manipulação da cabeça do rádio.Foi aplicada uma mobilização do tecido
neural em oscilação do ombro com cotovelo e punho em extensão e cervical em
inclinação contralateral. Após a técnica o TTN se mostrou igual para ambos os
lados. A paciente foi instruída a continuar com os exercícios cervicais e à
ergonomia em casa.